O que é?
ESTUDO MEDIÚNICO NA CASA ESPÍRITA:
Vários são os motivos que nos conduzem à Casa Espírita; seja por se identificar com um universo espiritual de entendimento filosófico-religioso; seja por ter afinidades com as ideias; seja pela identificação do servir tão estimulado no nosso meio: a Caridade, ou ainda pela esperança de um conforto não encontrado em outras linhas filosóficas, para solucionar a dor. Seja por tudo isso junto ou numa sequência de descobertas! Seja qual for o motivo e a maneira, certamente não é o acaso que nos conduz! Na maioria das vezes essa chegada “aparentemente” acidental, culmina com um deslanchar de conhecimentos outros sobre os porquês da vida que, até então, desconhecemos ou não valorizávamos tanto. Nessa familiarização gradual com esse ambiente, pelas causas aqui expostas, percorrida com sinceridade, vamos entendendo nosso papel e nos encontrando, nos descobrindo, num contexto de responsabilidades imediatas externas: grupo social, família, vida, trabalho, etc., e outra mais sutil e de natureza pessoal e subjetiva, que está relacionada ao nosso mundo intimo, que é a Mediunidade! Embora seja de natureza orgânica, externa, ela não deixa de ser uma responsabilidade de caráter íntimo pra quem a tem, e salvo casos extras, ela guarda relação direta com a nossa capacidade de entendimento, e de servir ao próximo, posto que o Pai não nos lega fardo que não nos cabe levar!
Estudo Mediúnico na Casa Espírita, como o próprio nome já diz, é o estudo da Mediunidade dirigido aos Médiuns da casa.
CONCEITO DE MÉDIUM E MEDIUNIDADE:
A mediunidade é a faculdade especial que certas pessoas possuem para servir de intermediárias entre os Espíritos e os homens, não depende de cor, credo, classe social, sexo, intelectualidade nem moralidade entre outros. Ela é uma predisposição orgânica que é inerente ao homem, ou seja, ligado de modo íntimo e necessário a alguma coisa ou pessoa; inseparável.
No ponto central relativo a essa questão em O Livro dos Médiuns, acha-se exposto na resposta à questão que Kardec endereçou aos Espíritos no parágrafo 226:
O desenvolvimento da Mediunidade guarda proporção com o desenvolvimento moral dos Médiuns?
"Não; a faculdade propriamente dita prende-se ao organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom ou mau, conforme as qualidades do Médium."
Compreende-se que: Ela é de natureza orgânica, amoral, tem relação com o organismo e terá o direcionamento MORAL que dermos a ela.
Aí entra a importância da educação técnica mediúnica com Kardec em bases na moral do Cristo!
No Vocabulário Espírita que forma o capítulo 32 de O Livro dos Médiuns, Kardec dá como sinônimos os termos mediunidade e medianimidade, definindo-os como "a faculdade dos médiuns". Quanto à palavra Médium, Kardec explicita o seu significado em várias passagens de suas obras, como por exemplo nesse mesmo Vocabulário, onde se encontra esta definição sucinta:
MÉDIUM. (do latim, médium, meio, intermediário). Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens.
Ao analisar os conceitos de Médium e de Mediunidade, faz-se notar que a palavra médium comporta duas acepções distintas, expressas com clareza neste trecho da Revue Spirite (Periódico Espírita publicado por Allan Kardec enquanto encarnado):
Acepção ampla:
Qualquer pessoa apta a receber ou a transmitir comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, quaisquer que sejam o modo empregado e o grau de desenvolvimento da faculdade, desde a simples influência oculta até à produção dos mais insólitos fenômenos.
Acepção restrita:
Em seu uso ordinário, todavia, esse termo tem uma aplicação mais restrita, aplicando-se às pessoas dotadas de um poder mediador suficientemente grande, seja para a produção de efeitos físicos, seja para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra (médium ostensivo) .
Para um melhor entendimento, quando falamos de Médiuns geralmente estamos nos referindo à segunda acepção!
ESTUDO SISTEMÁTICO
Uma primeira observação a ser feita é que, se a presença da faculdade mediúnica em uma pessoa independe de sua condição moral, intelectual e de crença, ninguém poderá tornar-se médium tão-somente pelo fato de moralizar-se, ou de estudar, ou de aderir às convicções espíritas. É evidente que essas atitudes serão de imenso proveito para a criatura, pois a colocarão em condições de compreender e utilizar bem a faculdade mediúnica que porventura possua.
No terceiro parágrafo da Introdução de O Livro dos Médiuns Kardec nos diz que muito se enganaria aquele que "supusesse encontrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns." E faz uma comparação muito clara e objetiva, que nos esclarece:
“Se bem que cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém é dado conseguir se verifiquem (manipular) à vontade. As regras da poesia, da pintura e da música não fazem que se tornem poetas, pintores, ou músicos os que não têm o gênio de algumas dessas artes. Apenas guiam os que as cultivam no emprego de suas faculdades naturais. O mesmo sucede com o nosso trabalho. Seu objetivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade Mediúnica, tanto quanto o permitam as disposições de cada um, e, sobretudo, dirigir-lhe o emprego de modo útil, quando ela exista”.
Por isso geralmente é preferencialmente encaminhado aos Estudos da Casa quem tem a faculdade.
Nossa Casa Espírita tem o departamento de Estudo Mediúnico onde são conduzidos, detectada mediunidade, os médiuns neófitos que posteriormente aptos figurarão, quer queiram, o quadro de Trabalhadores da Casa.
É uma aulinha de 2 horas, uma vez por semana, seguindo apostila embasada em O Livro dos Médiuns e obras subsidiárias da Doutrina Espírita. E esse Estudo explorará conhecimentos e técnicas, para o aprimoramento do Médium, embora esse aprimoramento satisfatório seja um conjunto de esforços em observações, experiências, práticas pessoais, leituras, dedicação, servir, bons hábitos, que demandará tempo e perseverança.
Como foi dito, o tempo aprimorará o Médium nos seus esforços no conjunto aprender e servir que é o ideal.
Muitas vezes também o aspirante se vê as voltas com um dilema de ter que desenvolver sua mediunidade a contragosto, por conta de castigos Divinos ou medo de sofrer pela responsabilidade assumida, e agora não querer mais essa responsabilidade, ou não entendê-la como tal; qualquer posicionamento é respeitável e respeitado na Casa Espírita. Embora, ter os indícios da faculdade requer atenções por parte de quem a tem. Como dissemos, sendo ela de fundo orgânico e inerente ao homem, quer queiramos ou não, ela vai estar sempre em nós, salvo casos raros e especiais de suspensão por parte da misericórdia Divina em trabalhadores inaptos e ainda assim temporariamente. E embora não se queira por motivos que não nos cabe julgar, todos temos o livre arbítrio. Ela está em nós e temos a responsabilidade de nos orientar para o nosso próprio bem. Nem toda mediunidade é a de um Chico Xavier, e o que nos pareça renúncias altíssimas agora, talvez num outro momento mais maduro reflitamos melhor. Sigamos a vida! Conversemos com Deus, Mantenhamos o equilíbrio, no dia a dia busquemos paz, amor, harmonia, bons hábitos para que também não a usemos inadvertidamente, erradamente e ela se volte contra nós em sobressaltos de desordens espirituais dolorosas onde deveria ser instrumento de auxílio a nós e ao próximo!
Embora servir deva ser um ato espontâneo de amor, esperar pelo amor não fará com que ele aconteça, o caráter de renúncia que muitas vezes envolve a mediunidade e nos desestimula, às vezes desperta em dores para nos empurrar para frente, e na busca de saída despertarmos pro sofrimento do próximo, e aí percebermos que a dor é uma outra expressão do mesmo amor Divino a nos estimular, sem a qual não lograríamos avançar sobre nós mesmos, sobre a acomodação, onde já somos capazes disso. Confiemos no Pai!!!!
“Façamos o Bem, promovendo o Amor!”
PAZ E LUZ COM O CRISTO
ALLAN KARDEC
Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a
frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
Por Ricardo Souto